quinta-feira, 22 de março de 2007

Feedback da Garagem Hermética 2

O primero feedback da Garagem Hermética 2 por parte da crítica especializada saiu num artigo de Franklin Ruão na Revista Paisá. O texto dele fala sobre a atual cena de quadrinhos independente e destaca alguma publicações como a Isto não é uma Revista de Terror, a Cão, O Diário Negro de Toninho do Diabo, além da Garagem Hermética.

Segundo Franklin, o destaque desta segunda edição da Garagem foi Cidade Kemel de Luciano Vieira e Patrícia Freire, uma história contada através de recortes de jornais, e que vem de encontro a nossa proposta de inovar nas estruturas narrativas.

sábado, 3 de março de 2007

Relatório 23° Angelo Agostini

Eu estava devendo um relatório do que rolou na entrega do 23º Angelo Agostini, então segue algumas das minhas considerações sobre o evento. Eu cheguei no Sesc da Lapa por volta das 11h da manhã junto com o Leonardo Melo pra montarmos a nossa banca de fanzines lá no evento. Aliás, a banca tomou proporções gigantesca pois além dos fanzines que eu levei pra vender da minha barraca de fanzines, a cada novo fanzineiro e quadrinista independente que chegava por lá, deixava suas revistas e fanzines na banca pra gente vender. E o engraçado é que a banca de fanzines estava montada de frente ao estande da Comix. Parecia até a contra o , só que sem os , os e a . =)

A primeira atividade do dia estava marcado para às 13h, e era uma palestra sobre “Edição de Revistas Independentes” da qual eu participei como editor da Garagem Hermética, apesar de ter repassado o meu cargo pra minha amiga Roberta. Aliás, teria sido muito melhor se ela tivesse participado da mesa, pois além de agraciar as pessoas do auditório com sua beleza, ela é uma garota inteligente e educada e não iria ficar falando um monte de baboseiras chulas que nem eu. Mas na próxima vez, podem ter certeza, será a vez dela.

No começo da palestra eu estava meio nervoso. Eu costumo assistir a palestras sobre quadrinhos há mais ou menos uns 10 anos, e foi uma sensação meio estranha estar pela primeira do outro lado da mesa, olhando para a platéia. Talvez por isso eu tenha soltado tantas baboseiras. Mas na medida do possível eu tentei passar um pouco da minha experiência como fanzineiro, e principalmente da experiência que adquiri editando uma revista independente junto com meus companheiros do Sócios Ltda. Espero que minhas palavras tenham servido de alguma coisa para os quadrinistas que estavam ali presente e que os tenha motivado a partirem pra produção independente, pois a cada dia que passa eu me convenço mais de que a única saída pra construção de um mercado de quadrinhos nacional forte e consistente são os os próprios quadrinistas tomarem a iniciativa. Não dá mais pra ficar esperando pelas editoras, ainda mais as grandes que não estão nem aí pro quadrinista brasileiro.

Inclusive, fiquei feliz de ver a grande quantidade de quadrinhos independentes que foram lançados lá no dia da premiação. Isso mostra que a filosofia “independência ou morte”está contagiando cada vez mais quadrinistas. Quanto mais títulos forem lançados, melhor é pra todo mundo, pois com a cena independente crescendo, ela começa a ganhar mais visibilidade, e com isso, mais força e importância. Só assim ela ira superar a barreira do próprio gueto dos fanzineiros e alcançar o “leitor comum”, fora do “mundo subterrâneo”. Alcançando este leitor, o quadrinistas independente terá um melhor feedback para melhorar a sua produção e evoluir como quadrinista. Ele ganhará ritmo de produção e aprenderá a se adequar ao gosto do seu leitor. E quando isso acontecer, saberemos então que as bases para a consolidação do mercado de quadrinhos brasileiro estarão prontas. A partir daí, os quadrinhos brasileiros estarão prontos para competir de igual pra igual com os títulos gringos.

É claro que esse cenário “idílico” que concebi acima levará anos pra se concretizar. Se tudo continuar ocorrendo como o esperado, eu prevejo uns 15 a 20 anos pra chegarmos até lá. Ou seja, a geração de quadrinista a qual pertenço na verdade apena irá pavimentar o terreno para a próxima geração que irá se formar. E só isso já será uma grande vitória, pois este é o grande problema para o mercado de quadrinhos nacional ainda não ter se consolidado apesar de ser tão antigo quanto outros mercados no mundo; ele não possui continuidade entre suas gerações de quadrinistas, mesmo com esse mercado já tendo alcançado patamares invejáveis de vendas. Havendo continuidade, as novas gerações de quadrinistas passarão a tomar como referência para seus trabalhos a gerações mais antigas, criando assim a tão discutida e polêmica “identidade” dos quadrinhos brasileiros. E a novas gerações de leitores não verão mais os quadrinhos brasileiros como algo alienígena, pois por mais contraditório que isso pareça, é o que acontece hoje em dia. As novas gerações tomarão a publicação de quadrinhos brasileiros como algo natural e habitual a ponto de não diferenciarem a nossa produção da produção gringa em questões técnicas e artísticas mais genéricas, mas reconhecerão um estilo todo próprio de fazer quadrinhos no Brasil, seja qual for a temática abordada, de histórias do cotidiano a ficções científicas cyberpunks. E se depender de mim e dos demais quadrinistas guerrilheiros que estão juntos comigo nesta empreita, esse cenário vai se tornar real por mais fantasioso que ele se pareça agora. Daqui a 20 anos veremos que todo o esforço valeu a pena.

Pois bem, acabei de perceber que comecei a delirar demais e fugi do assunto principal do post que era o Angelo Agostini. De certo modo, não foi uma fuga tão desconexa assim, mas deixaremos essas lucubrações sobre o mercado de quadrinhos nacional para posts futuros na qual irei ensinar táticas de guerrilha pra o quadrinista independente. “Lição número 1: Como tomar de assalto o leitor desprevenido”. =)

Por hora, fiquem com um relatório mais completo e menos delirante do 23º Angelo Agostini no site do Zine Brasil. E confiram também a cobertura do Prêmio Angelo Agostini feita pelo programa HQ Além dos Balões. E abaixo você confere algumas fotos do evento.

A nossa bancada rebelde de fanzines.

Angelo Agostini - Bancada de Fanzines
A mesa redonda sobre quadrinhos independente. Incrível como eu sai com uma cara de bêbado nesta foto. Tenho certeza que tinha mais alguma coisa além de água naquelas garrafas.

Angelo Agostini - Mesa Redonda
A platéia do auditório durante a premiação.

Angelo Agostini - Auditório
Para conferir mais alguma fotos, visitem o meu flickr.

Marcadores: , ,