sábado, 11 de novembro de 2006

Relatório Fest Comix 2006

“Quadrinho independente, cara. Dá uma olhada! Ô, meu, pára aí, dá uma olhada! Dá uma olhada, cara, é oitenta centavos! Quarenta! É de graça! EU PAGO PRA VOCÊ LEVAR!!!”

Isso foi dito pelo Rodrigo numa desesperada tentativa de vender o seu fanzine No FioFó Todo Dia para um apressado otaku com duas sacolas cheias de mangás no portão de saída da Fest Comix, feira de quadrinhos que foi realizada no final de semana passado.

A Fest Comix a cada ano que passa se torna cada vez maior. Lembro da primeira edição do evento, há alguns anos atrás, quando era apenas algumas tendas em frente à própria loja da Comix. Depois o evento migrou para o terraço do prédio da Gazeta, que logo se tornou pequeno pra tanta gente, e agora o evento mudou para o colégio Marista Arqueodecesano, onde tipicamente já são realizados os eventos de anime.

É legal ver a quantidade de pessoas que visitam uma feira dessas, pois por aí é possível saber que existe um grande público ávido por consumir quadrinhos. Só é uma pena que a grande maioria desse público ainda não se interessa por quadrinhos nacionais, muitas vezes por puro preconceito, simplesmente porque é nacional. Foi o que eu constatei lá na Fest Comix nos dois dias em que fui vender a Garagem Hermética. Felizmente também existem pessoas que não possuem este tipo de preconceito, o que garantiu boas vendas da minha revista.

Fui no primeiro dia da Fest Comix, na quinta-feira, feriado de finados, esperando encontrar uma fila quilométrica na entrada como acontecia lá nas edições do evento no prédio da Gazeta, mas para minha surpresa, já quase não tinha fila nenhuma. O que foi uma pena, pois pelo menos pra nós fanzineiros, filas são ótimas pra podermos vender nossos quadrinhos. =)

A minha idéia inicial era colocar a Garagem Hermética pra vender lá na Fest Comix, mas os organizadores da feira queriam cobrar 50% de comissão, o que tornou completamente inviável. Nós do coletivo Sócios LTDA que fizemos a Garagem, não temos a intenção de obter lucro com a revista. O preço de R$ 3,00 reais que cobramos é apenas para cobrir os gastos de produção e pagar o próximo número. Com uma comissão alta deste jeito iríamos sair num puta prejuízo. O jeito então foi vender lá fora do evento mesmo.

Na saída da Fest Comix encontrei com o Leonardo Melo e com o André Caliman da excelente revista em quadrinhos Quadrinhópole, que tiveram a moral de virem de Curitiba pra venderem a revista deles no evento. Começamos então a vender as revistas dando desconto pra quem levasse tanto a minha quanto à deles juntas. De início as vendas estavam meio fracas, mas conforme o pessoal foi deixando a Fest Comix, as vendas começaram a melhorar. Mas pro nosso azar, eis que começa um puta pé d'água a cair sobre nós. Pelo jeito São Pedro não gosta de fanzineiros. Mas como somos teimosos, não arredamos o pé, e continuamos ali vendendo. E até que conseguimos vender algumas revistas, mesmo debaixo de chuva.

Na sexta-feira eu não fui, e só voltei ao Fest Comix no Sábado. Lá me encontrei novamente com o Leo e com o André, e desta vez pra completar o “time”, apareceu os malucos do zine FioFó; o Caio, o André e o Rodrigo. Voltamos a vender nossas revistas lá fora, mas quando foi 16h, nós entramos dentro da Fest Comix, pois o Leo e o André iriam fazer uma entrevista no auditório sobre a Quadrinhópole. Chegamos lá, e tava rolando uma palestra com os quadrinistas da Quanta Academia que trabalham pro mercado norte-americano. Eu ainda consegui vender algumas Garagens pro pessoal que estava lá no auditório enquanto o Leo e o André foram falar lá na frente. E no auditório eu também encontrei com o Pablo Casado e finalmente tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente, e ele ainda me presenteou com alguns de seus fanzines. Depois rolou uma palestra dos gêmeos Fabio Moon e Gabriel Bá, só que eu não fiquei pra assistir. Como já assisti um monte de palestra deles, achei que não iria ouvir nada de novo, e resolvi sair lá fora pra vender. Nada contra os gêmeos, é claro, inclusive já disse milhares de vezes que eu comecei a fazer fanzines por causa deles, mas melhor do que ouvir mais uma vez o discurso deles de “tem que fazer!”, é colocar em prática pra ver se funciona. E não é que funciona mesmo?! =)

Bem, no fim, eu posso dizer que a Fest Comix foi muito proveitosa. Eu só acho que os organizadores deveriam dar uma força maior pros quadrinistas independentes. E nem precisa de muita coisa, apenas cobrando uma comissão menor já seria uma puta ajuda. Afinal, é preciso ter consciência de que o quadrinista não possui a mesma intenção de lucro que uma editora possui, até mesmo porque ele não terá, e na maioria das vezes, como é o nosso caso, o lucro é zero. Ao ajudar os quadrinistas independentes, a feira estaria colaborando com a criação de um mercado de quadrinhos nacional estável e forte, e isso, eu acredito, será extremamente benéfico a longo prazo para eles mesmo. Mas enfim, eu sou apenas um ingênuo sonhador (apesar de insone) e pode ser também que eu esteja falando um monte de besteiras. Mas de qualquer forma, o jeito é continuar vendendo as revistas na rua, mesmo debaixo de chuva. =)

Segue algumas fotos do evento:

Garagem Hermética e Quadrinhópole
Garagem Hermética e Quadrinhópole, uma parceria de sucesso!

Debaixo de Chuva
Fanzineiro que é fanzineiro, vende quadrinhos até debaixo de chuva!

Venda Cega
Aplicando minha técnica ninja de venda com os olhos fechados.

Pra conferir todas as fotos, acessem o meu Flickr.

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